A cobra e o suricata

Há muito tempo atrás existiu uma cobra chamada Liliana, que se sentia muito triste porque não tinha amigos, pois todos os animais fugiam com medo dela. Como todas as cobras, ela alimentava-se de outros animais, por isso eles fugiam aterrorizados cada vez que a viam.
Como habitualmente, estava ela cheia de fome quando passou um rato por ela. Sem hesitar caçou-o!
Dias depois a cobra, que já andava faminta, ia à procura de alimento, quando avistou um suculento suricata, porém ele conseguiu fugir. Ela perseguiu-o e ele ia sempre escapando. Depois de várias tentativas, fez-lhe uma emboscada, no último instante encurralou-o e ele começou a implorar pela sua vida:
- Ai! Por favor, não me comas! - Disse o suricata em desespero.
- Mas eu estou cheia de fome! – Respondeu a cobra Liliana.
- Eu sou o líder da minha família, eles precisam muito de mim. Sem mim eles não podem viver! – Pediu o animal quase sem esperança.
- Olha, eu nem sequer tenho família, nem tenho amigos. Não tenho nada a perder. – Afirmou a cobra.
- Pára! Não me comas. Se quiseres eu posso ser teu amigo. Tu não deves ter muitos amigos. – Disse o suricata.
- Dizes que vais ser meu amigo, mas todos os animais têm medo de mim e acabam por fugir. Por isso, não acredito em ti. – Respondeu a cobra.
- Claro que têm medo de ti, estás sempre a comer todos os animais que encontras. – Explicou o suricata.
- Mas o que hei-de eu comer? – perguntou a cobra.
- Já pensaste em experimentar ovos? – Sugeriu o suricata.
- Nunca experimentei isso, são bons? – Questionou a cobra.
- Eu ajudo-te a procurar e tu provas, se gostares deixas finalmente de comer animais e passas a fazer amigos.
Lá foram os dois em busca de ovos. Pelo caminho foram conversando e encontraram vários amigos do suricata. Estes ficavam muito surpreendidos por os verem juntos.
Também a cobra ficou surpresa por ver que o suricata tinha tantos amigos.
- Quem me dera ter tantos amigos. – disse ela.
Não demorou muito até encontrarem um ninho cheio de ovos. Provou um ovo e fez uma cara feia. Os animais sabiam muito melhor, pensou ela. Mas o suricata insistiu:
- Experimenta mais um, vais ver que te saberá melhor.
- Nada melhor que um saboroso animal! No entanto, acho que o esforço vai compensar-me e com o tempo acabarei por me habituar a este alimento.
- pois é, e sabes que mais? Esse esforço que vais fazer compensa mais do que pensas. Vamos a casa de um amigo meu! – disse o suricata.
Mas ele vai ficar com medo de mim! – disse a cobra quase a chorar.
- Não fiques triste, ele não vai ter medo, eu explico-lhe tudo. Este meu amigo vive numa gruta.
- Mas se ele não quiser ser meu amigo vamos ver outros amigos não é? – perguntou a cobra olhando para o suricata, à espera da resposta.
- Sim, porque tenho mais amigos. Mas para além disso nós também já somos amigos e isso é o que importa!
- Pois, é verdade! - disse a cobra.
- Ainda assim vou apresentar-te o meu amigo. Vamos rápido, ele dorme perto desta hora.
Pelo caminho, encontraram uma cobra que ameaçou os dois amigos:
- Sai da frente! Eu quero comer esse suricata que se diz ser teu amigo!
- Tu não comes nada aqui, e ele é mesmo meu amigo!
- Amigo? Não pode ser! Uma cobra e um suricata amigos?!
- Como te chamas? – perguntou o suricata.
- Chamo-me Chica, mas gosto que me tratem por Chiquinha. Vocês querem ser meus amigos?
- Claro, mas só se não comeres outros animais. – disse o suricata.
- Bom, mas se não comer animais o que como?
- Comes ovos. – disse a cobra Liliana.
- Prova este que aqui tenho. - disse o suricata.
- E são bons?
- Prova, só assim saberás.
E assim foi que naquela floresta, a cobra Liliana e a Chquinha conseguiram conquistar a confiança dos outros animais e fizeram muitos amigos.

Os alunos do 3.º ano